“Não pergunte sobre meu passado” Eu disse.
Ela não perguntou. Acho que pensou que eu tinha passado por algum grande trauma, porque passou o resto da noite me encarando com olhos de pena. Se eu tivesse passado mesmo por algum grande trauma eu odiaria que me olhassem daquela forma, mas como não era o caso, tirei proveito da situação.
O nome dela era Letícia. Não que eu me importasse realmente com nomes, mas homens que não perguntam o nome são mal vistos pelas mulheres. Não sei por quê. Quer dizer, talvez eu saiba. Mulheres gostam de ser enganadas. Se a gente diz que quer passar apenas uma noite, dão chilique e chamam de canalha. Mas se a gente mente, diz que quer um caso sério só pra passar uma noite, elas adoram, porque quando a noite acaba elas podem se enganar e passar horas esperando o telefone tocar. Há quem chame isso de romantismo; eu chamo de masoquismo.
Conversamos por mais de duas horas. Eu não gosto muito de conversar quando não tenho interesse em compromisso, mas ela gostava de Led Zeppelin, AC/DC e Pink Floyd, e bebia conhaque como se fosse água. Achei que merecia um desconto. Falamos até sobre cinema... Combinamos de fazer uma sessão especial do Poderoso Chefão qualquer dia, mas só porque eu preciso mostrar pra ela que o primeiro filme, apesar do que diz a crítica e os idiotas metidos a cinéfilos, é imbatível.
Depois de tanta conversa, eu fui ficando impaciente. Fui me aproximando com jeito e calei a boca dela, que devia ter algum defeito, porque não parava de falar. Eu me perguntei: “será que ela não sabe que bocas servem para outras coisas?” Mais tarde eu descobri que ela sabia. Fomos pra minha casa no meu carro, e eu quase bati três vezes por ela saber usar a boca bem demais. Só pra deixar claro, eu não costumo levar nenhuma mulher pra minha casa, não pra passar só uma noite. Depois que elas descobrem nosso endereço não tem mais salvação. Mas Letícia contou que morava com os avós e tal e coisa e eu achei que não pegava bem. Depois eu dizia que aquele era o apartamento de algum amigo e me livrava dela.
Durante o resto da noite as coisas só melhoraram. Descobri que ela era uma águia na cama, ô mulherzinha insaciável. Eu nunca encontrei alguém que me fizesse pedir penico, mas com ela foi quase. Deixamos o sexo no stand up e fomos jogar poker, o que levou a mais sexo, o que levou a mais poker, o que levou a mais sexo e mais poker, e mais sexo, e mais poker. Tenho que confessar que fiquei impressionado por ela ter ganhado de mim quase todas as vezes, porque eu geralmente sou implacável. Não lembro bem – porque bebi demais – mas devo ter deixado ela ganhar. Além do mais, ela ficava me distraindo com a porra daquele batom vermelho que ela retocava o tempo inteiro. Provavelmente ela sabia que ficava incrivelmente sexy com os lábios entreabertos daquele jeito.
Adormecemos no tapete da sala mesmo. Só faltava uma lareira pra ser cena de filme, mas era verão e estava muito quente. Eu acordei com uma dor de cabeça do caralho, mas fiquei de olho fechado, fingindo que ainda estava dormindo, enquanto ensaiava a desculpa que eu daria quando Letícia perguntasse quando a gente se veria novamente. Mas pensei direito e achei que não faria grande mal se a gente se encontrasse algum outro dia... Sem compromisso, claro. Ou talvez a gente pudesse ter uma relação aberta ou qualquer coisa do gênero.
A surpresa veio quando eu finalmente abri os olhos. Procurei-a em volta, no banheiro, no quarto, na cozinha. E encontrei o único vestígio dela na geladeira: “Não pergunte sobre o meu passado”. Eu era o passado dela agora.
[A paixão pode ser avassaladora. Muitos amores começam logo os gatos saem a noite, e acabam-se com o canto do cotovia. Postagem coletiva de amigos].
Ela não perguntou. Acho que pensou que eu tinha passado por algum grande trauma, porque passou o resto da noite me encarando com olhos de pena. Se eu tivesse passado mesmo por algum grande trauma eu odiaria que me olhassem daquela forma, mas como não era o caso, tirei proveito da situação.
O nome dela era Letícia. Não que eu me importasse realmente com nomes, mas homens que não perguntam o nome são mal vistos pelas mulheres. Não sei por quê. Quer dizer, talvez eu saiba. Mulheres gostam de ser enganadas. Se a gente diz que quer passar apenas uma noite, dão chilique e chamam de canalha. Mas se a gente mente, diz que quer um caso sério só pra passar uma noite, elas adoram, porque quando a noite acaba elas podem se enganar e passar horas esperando o telefone tocar. Há quem chame isso de romantismo; eu chamo de masoquismo.
Conversamos por mais de duas horas. Eu não gosto muito de conversar quando não tenho interesse em compromisso, mas ela gostava de Led Zeppelin, AC/DC e Pink Floyd, e bebia conhaque como se fosse água. Achei que merecia um desconto. Falamos até sobre cinema... Combinamos de fazer uma sessão especial do Poderoso Chefão qualquer dia, mas só porque eu preciso mostrar pra ela que o primeiro filme, apesar do que diz a crítica e os idiotas metidos a cinéfilos, é imbatível.
Depois de tanta conversa, eu fui ficando impaciente. Fui me aproximando com jeito e calei a boca dela, que devia ter algum defeito, porque não parava de falar. Eu me perguntei: “será que ela não sabe que bocas servem para outras coisas?” Mais tarde eu descobri que ela sabia. Fomos pra minha casa no meu carro, e eu quase bati três vezes por ela saber usar a boca bem demais. Só pra deixar claro, eu não costumo levar nenhuma mulher pra minha casa, não pra passar só uma noite. Depois que elas descobrem nosso endereço não tem mais salvação. Mas Letícia contou que morava com os avós e tal e coisa e eu achei que não pegava bem. Depois eu dizia que aquele era o apartamento de algum amigo e me livrava dela.
Durante o resto da noite as coisas só melhoraram. Descobri que ela era uma águia na cama, ô mulherzinha insaciável. Eu nunca encontrei alguém que me fizesse pedir penico, mas com ela foi quase. Deixamos o sexo no stand up e fomos jogar poker, o que levou a mais sexo, o que levou a mais poker, o que levou a mais sexo e mais poker, e mais sexo, e mais poker. Tenho que confessar que fiquei impressionado por ela ter ganhado de mim quase todas as vezes, porque eu geralmente sou implacável. Não lembro bem – porque bebi demais – mas devo ter deixado ela ganhar. Além do mais, ela ficava me distraindo com a porra daquele batom vermelho que ela retocava o tempo inteiro. Provavelmente ela sabia que ficava incrivelmente sexy com os lábios entreabertos daquele jeito.
Adormecemos no tapete da sala mesmo. Só faltava uma lareira pra ser cena de filme, mas era verão e estava muito quente. Eu acordei com uma dor de cabeça do caralho, mas fiquei de olho fechado, fingindo que ainda estava dormindo, enquanto ensaiava a desculpa que eu daria quando Letícia perguntasse quando a gente se veria novamente. Mas pensei direito e achei que não faria grande mal se a gente se encontrasse algum outro dia... Sem compromisso, claro. Ou talvez a gente pudesse ter uma relação aberta ou qualquer coisa do gênero.
A surpresa veio quando eu finalmente abri os olhos. Procurei-a em volta, no banheiro, no quarto, na cozinha. E encontrei o único vestígio dela na geladeira: “Não pergunte sobre o meu passado”. Eu era o passado dela agora.
[A paixão pode ser avassaladora. Muitos amores começam logo os gatos saem a noite, e acabam-se com o canto do cotovia. Postagem coletiva de amigos].
Desafio coletivo "Uma noite de verão".
Outros textos de Pâmela Andrey Brugger,
Fernanda, Maria Fernanda, Alan Félix e Natália.
Outros textos de Pâmela Andrey Brugger,
Fernanda, Maria Fernanda, Alan Félix e Natália.
Isso. Coloque todos os links.
ResponderExcluirVou colocar o teu lá também. Faça como eu.
Vou ler teu texto e comentar em seguida.
U-a-u, garoto.
ResponderExcluirDe todos os textos o teu foi o mais caliente, picante e direto, por assim dizer.
Paixões de verão sempre acabam com o nascer de um novo dia.
Beijos
Faço minhas as palavras da Fernanda. E confesso que fiquei vermelha lendo aqui, estou no trabalho e tive que me conter as risadas.
ResponderExcluirU-a-u. Ficou ótimo.
Mas faltou uma coisa, meu link, né? Trem =P
Beijo gato.
Caliente. Mui caliente seu texto.
Muito bom!!
ResponderExcluirMeninos são sempre mais diretos... mas como diz um amigo meu. Cafa também ama.
Beijos
Estou me achando puritana demais... O texto ficou realmente muito bom, mas não me surpreendi, já esperava muito sexo, álcool e casualidade - nem tão casual - assim.
ResponderExcluirA idéia é interessante. Cada um tem um amor de verão que imagina, ou que já teve, ou que sonha em ter. Eu tenho o meu, você provavelmente tem o seu, e assim vai. O legal é compartilhar.
Beijo, Matheuzinho. :*
o bom das paixoões de verao, é a naturalidade com que sao quentes.. ameeei
ResponderExcluirGenial o final, Matheus!
ResponderExcluirGostei muito!
Você tem a pura razão, Matheus: É masoquismo.
ResponderExcluirE.. poxa!
Me apaixonei pelo final.
Beijos
Gente, e eu que me achei a própria Leticia.
ResponderExcluira começar pelo gosto pelos canalhas, aí depois por gostar do Led [leia AMAR] e AC/DC, aí eu sendo Leticia, teria me apaixonado na sessão do Poderoso Chefão, que é meu the best of das trilogias, e dos filmes em geral, e o poker, ai ai, eu ganharia, porque tenho mais jeito pra blefar do que puramente sorte.
'Deixamos o sexo no stand up e fomos jogar poker, o que levou a mais sexo, o que levou a mais poker, o que levou a mais sexo e mais poker, e mais sexo, e mais poker.'
olha, normalmente não me identifico tanto assim com textos alheios, mas neste caso, foi quase um conto sobre mim.rsss
mandou bem no desafio coletivo. (Y)
beijos.
"Fomos pra minha casa no meu carro, e eu quase bati três vezes por ela saber usar a boca bem demais." que coisa não? HAOSHAOSHAOA
ResponderExcluirE o feitiço se voltou contra o feiticeiro! :P
Adorei o conto, e o final foi excelente, a linguagem apresentou um belo machista, mas quem não é machista.
ResponderExcluirEnfim, postei um texto também sobre uma noite de verão, der uma conferida.
O único ponto que falta para eu ser letícia por completo é não me deixarem perguntar pelo passado. De masoquismo eu tô farta, ah se tô!
ResponderExcluirooooooown, poderia ser inspirado em mim, que bonitinho.
ResponderExcluirhahahahahahahahaha (6)
fiquei lisonjeada agora. [piscando os olhinhos de charme]hahahahah
de fato, eu seria leticia numa boa.haha
beijos meus.
Você escreve tao bem amor!!
ResponderExcluirFicou muito fera, Matheus. Nós homens sempre somos mais diretos né, é bom ir direto ao ponto, de vez em quando! abraços, te sigo aqui.
ResponderExcluirPrimeira vez que apareço aqui e me deparo com a postagem coletiva. Já li os textos da Natália, da Pâmela e da Maria Fernanda. Adorei todos, mas o seu tem um 'quê' de diferente. Talvez por mostrar o ponto de vista de um homem que foi deixado por alguém e não que deixou alguém. Aparentemente, homens não são os únicos que gostam de sumir depois de noites de verão como essa, haha.
ResponderExcluirGostei daqui.
Beijo.
Não vou dizer o que pensei quando li isso, você sabe o que foi hsuahsua.
ResponderExcluirAcredito que a postagem coletiva tenha dado certo. Rendeu bons textos, alguns suspiros (ai, ai). Então, quero propor uma nova postagem coletiva. Para quarta-feira. E estou avisando com antecedência para que todos nós postemos juntos.
ResponderExcluirO tema é: Kiss me.
Baseada na música da banda Sixpence None the Richer. Sempre achei essa música linda e acho que poderíamos tirar um proveito enorme dela. Aguardo contato com a confirmação da postagem.
adm.pamelamarques@gmail.com
Se quiserem podem me add no Gtalk. Passo o dia inteiro online.
E avisem também que a postagem é livre, quem quiser pode entrar na brincadeira.
Beijo doce :*
nuus qe ótimo ler isso, deu pra dar umas risadas e esse final foi fatal hein,
ResponderExcluirameei seu blog
bejoos
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